Profecia e a Mente Divina
Nós temos a mente de Cristo, diz São Paulo. E, também é de Cristo que se diz que o testemunho é o Espítito de Profecia.
O que temos da Mente Divina, o temos, porque ela nos tem. Com toda a certeza, ela nos abarca e nos transcendde infinitamente. É como se dela tivéssemos detalhes importantes e, mesmo assim, apenas detalhes que, no tempo presente, são os detalhes notavelmente valiosos para a nossa salvação.
Há um destes detalhes que, em si mesmo, não é detalhe de forma alguma e cuja explicação cabal renderia muitos livros. Mas, nós, presentemente, falaremos dele, brevemente, e a partir do pouco que nos toca conhecer.
A profecia expressa-se em símbolos. E, o sentido de um símbolo criado é dado pelo seu autor. Um pintor que pinte um quadro ou uma criança que faça um desenho, por exemplo, dá um sentido à sua obra criada. Este sentido pode ser declarado ou não, mas há um sentido, um significado.
Este sentido originário não é alterado pelo sentido diverso, ou até oposto, que possam dar quem posteriormente aprecie ou critique a obra, ainda que seja o próprio autor, uma vez que nem este pode voltar ao passado para apagar da realidade aquele primeiro sentido. O sentido originário está ligado à concepção e feitura da obra.
Se aceitamos que os símbolos bíblicos, especialmente os proféticos, são dados por Deus mesmo, então, o significado destes símbolos apontam a intenção divina originária. Se eles se referem a um fato ou sequência de fatos históricos, então estes símbolos são a revelação da intenção divina anterior, acima e através da História.
O livro "Hackeando as Profecias", cujo link está na descrição deste vídeo, mostra, de forma clara e direta, que, no caso da profecia de Daniel 7 e das que dela derivam no último livro do Novo Testamento, a intenção divina foi cabalmente realizada.
É a possessão da Mente Divina, ou, antes, a adesão, por Graça, na mente de Cristo, de cujo testemunho se difunde o Espírito da Profecia, o que explica que um profeta possa apreender as possibilidades de um evento futuro que, em seu tempo de vida seja totalmente desconhecido. O ponto importante é que não são quaisquer possibilidades, nem tampouco são todas as possibilidades - o que equivaleria a um chute, uma suposição, um palpite. Pelo contrário, como vemos, com grande satisfação, nas profecias cujo significado e realização conhecemos, o profeta captura, em símbolos, as exatas possibilidades que se concretizarão em eventos futuros distantes e de longa duração.
São Paulo diz que a profecia edifica a Igreja e posso dizer, por experiência pessoal, que, de fato, ao ser estudada e verificada, ela fortalece a confiança em Deus pela participação, ainda que parcial ou imperfeita, em Sua Onisciência.
Profecia e Santidade
A realidade esconde fatos intangíveis.
O amor pela esposa, pelos pais ou pelos filhos pode ser mencionado e discutido, mas não pode ser provado, embora possa ser demonstrado. Por exemplo, uma mulher pode afirmar amar a um homem e dar todos os sinais exteriores para sustentar esta afirmação, mas ainda assim, no fundo, estar apenas interessada nos bens dele e até, secretamente, desprezá-lo de todo o coração.
No mundo físico isto também acontece. O objeto matemático que é um dos conceitos mais fundamentais de toda a Física Quântica é a Função de Onda. Ainda assim, um físico quântico jurará de pé junto que este objeto não tem significado físico e que este significado só começa a aparecer a partir do quadrado do módulo desta função. Deste modo, para efeitos práticos, a função de onda é intangível, por definição, e, ainda assim, sem ela, as altas considerações da ciência mais avançada de nosso tempo seriam impossíveis.
Na ordem do sagrado, há realidades assim também. Ao longo dos séculos, a teologia universal reconheceu a existência de pessoas santas, cuja santidade, no entanto, só pode ser atestada após as suas mortes, com altíssimo grau de probabilidade mas não com certeza total, por um motivo muito simples: todos nós temos a liberdade e a faculdade de mudar.
Talvez, uma das mudanças de alma mais famosas do mundo seja a do ladrão na cruz. Uma maravilhosa mudança para o Bem no último minuto da vida. Por outro lado, por mais improvável que possa parecer, uma pessoa conhecida por ter vivido uma vida irrepreensível pode também mudar de ideia antes ou pouco antes de morrer e cometer atos contrários à santidade. Estes atos podem ser cometidos em recônditos ocultos, inacessíveis a qualquer outro ser humano.
A santidade, de fato, tem a sua gênese no Espírito, encampa a ordem psíquica de quem se abra para ela, demonstra-se em atos e fatos exteriores, mas somente é completamente testemunhada, sondada e provada pelo indivíduo que a busca e pelo próprio Espírito. Ninguém mais consegue entrar no centro mais íntimo do outro para lograr a certeza absoluta do seu conteúdo. Deste modo, entende-se porquê a Igreja apenas declara que um indivíduo é santo, e mesmo assim, após um extenso exame de sua vida, exame este que pode durar séculos. Não é porque ela quer, é porque a realidade é soberana.
O ouvinte interessado pode encontrar mais sobre este assunto no livro "Hackeando as Profecias".
É preciso tocar neste assunto, ainda que de passagem e superficialmente, pois a profecia de Daniel 7, menciona os santos sob opressão e também os menciona na feliz e desejosa possessão eterna do reino. Entender a condição de existência dos santos mencionados sobre o pano de fundo do evento em que o Filho de Homem se aproxima do Ancião de Dias é uma das chaves cruciais que nos abrirá o entendimento para os esclarecimentos que São João dará a este mesmo assunto no Apocalipse.
Profecia e Confirmação
Do ponto em que estamos na História, os eventos apontados pela profecia dos dez chifres de Daniel 7 estão bem recuados no passado. São já pouco menos de dois mil anos desde o décimo chifre.
Desde o nosso ponto avançado no tempo, sabemos o que se passou naquele período histórico através de inúmeros documentos históricos. Embora, a profecia do capítulo 7 não mencione a palavra "templo", hoje sabemos de que modo o, então, apenas um general, mas futuro imperador, Tito, insultou ao Altíssimo e o que significou a sua arrogância; sabemos quando iniciou e quando terminou a guerra que ele fez contra os santos, como ele tentou alterar os tempos e a lei dos judeus. Sabemos que a destruição de Jerusalém e do Templo era a máxima mágoa que um coração judeu poderia sofrer.
Todos estes esclarecimentos derivam do entendimento simples, direto e luminoso de que os dez chifres da profecia de Daniel 7 são os dez primeiros imperadores romanos.
Vou listar 8 previsões desta profecia cuja realização pode ser imediatamente traduzida em fatos históricos arquiconhecidos e facilmente acessíveis:
- Daniel previu corretissimamente, a ocorrência dos 10 primeiros imperadores.
- Previu que Tito seria um chifre pequeno quando guerreasse contra os santos e, de fato, ele era apenas um general a serviço de seu pai e do imperador Nero.
- Previu que Tito combateria os santos e os venceria, o que se concretizou com a invasão da Judeia, com o sítio de Jerusalém, sua destruição e a destruição e incêndio do templo.
- Previu, com impressionante exatidão, o período de 1260 dias, ou 3 anos e meio, no símbolo dos 3 tempos e meio, em que os santos seriam entregues nas mãos do chifre pequeno, o que, de fato, se constata no tempo que transcorre entre abril de 67d.C a setembro de 70d.C., ínterim em que Vespasiano e Tito invadem a Judeia, sitiam Jerusalém até a sua queda, queimam o santuário para, logo após, arrasarem as suas paredes e, neste processo, oprimem e matam boa parcela do povo da cidade, no meio do qual viviam também os santos mencionados na profecia.
- Previu que Tito veria três dos primeiros chifres serem arrancados, o que aconteceu, de fato, com Galba, Otão e Vitélio, que sem ter tido o tempo de arraigarem-se no poder, foram, de fato, extirpados pelas raízes, cedendo o solo fofo do império às raízes da dinastia Vespasiana, cujo primeiro fruto, foi ninguém menos do que o próprio Tito.
- Previu que o animal seria julgado e condenado, o que começou a concretizar-se com a conversão do imperador, a cristianização do império e a purificação completa do mais alto cargo imperial daquela sujidade espiritual que se difundia da antiquíssima, oficial e, a partir daí, derrotada religião pagã do império.
- Previu que os santos possuiriam o reino, o que de fato aconteceu, pois que, a partir de agora, aquele mais alto e importante cargo seria empossado apenas por homens que na adesão oficial, na forma, no ofício e na devoção pertenceriam apenas àquela religião cujos santos haviam sido perseguidos e mortos, por cerca de 300 anos, mas que, agora, reinam com Cristo e com os vivos que, por esta exata razão, detém fisicamente, do lado de cá da realidade, a posse do império mais poderoso do mundo.
- Previu que o animal seria morto e que o seu corpo seria desfeito, o que veio a acontecer com a dissolução do Império Romano do Ocidente, em 476d.C., quando o bárbaro Odoacro invade Roma e desfaz a inteireza do império que, a partir de agora, existe, mutilado, apenas em sua ala oriental.
Todos estes fatos são completa e detalhadamente expostos e tratados nos capítulos do livro "Hackeando as Profecias".
A profecia de Daniel é, sem dúvida alguma, o grosso calibre no formidável arsenal da profecia bíblica! E, é sobre ela que São João, Profeta, constrói, inspirado, o canal de símbolos por onde flui e de onde salta o Espírito da Profecia que dá testemunho de Cristo, Nosso Senhor.
Tempo e Profecia 2
As profecias em toda a Bíblia estão repletas de figuras elípticas que comprimem num pensamento um grande número de acontecimentos ou longuíssimos períodos de tempo em passagens ou versos bem curtos criando efeitos poéticos ou simbólicos de compactação de ideias ou imagens que ficam assim mais fáceis ou mais belas ou, simplesmente, possíveis de dizer do que se fossem ser cabalmente descritas.
Por exemplo, na passagem do livro de Isaías 2:3 e 4 , o profeta apreende, sem cerimônia ou prévio aviso, os mais de dois mil anos que transcorrem entre o primeiro advento de Nosso Senhor e algum momento após o seu segundo advento:
Muitos povos irão e dirão
Venham, subamos à montanha de Adonai(a),
à casa do Deus de Jacó(b)
Ele nos ensinará seus caminhos(c)
e andaremos nas suas veredas.(d)
Pois de Sião procederá a lei(e)
e a palavra de Adonai, de Jerusalém.(f)
Ele julgará entre as nações(g)
e arbitrará para muitos povos.(h)
Então eles transformarão suas espadas em lâminas de arado
e suas lanças, em foices(i)…
Veja que Jesus Cristo (a) já esteve na montanha de Adonai (o monte do templo) e (b) na casa do Deus de Jacó (o templo), há mais de dois mil anos, (c) já ensinou seus caminhos, (d) as pessoas já andaram e ainda andam por suas veredas desde então, (e) Ele já confirmou a Lei antiga e emitiu um 11º mandamento, (f) Ele mesmo é a Palavra de Adonai que procede de Jerusalém na boca dos seus primeiros discípulos e de lá se difunde para o mundo todo. Por outro lado, sabemos que (g) o julgamento das nações e (h) o Seu arbítrio entre muitos povos está em andamento e terminará num tempo ainda por vir, e (i) neste tempo vindouro é que muitas nações não mais fabricarão armas.
Deste modo, dois versos curtos apanham em seu escopo um arco de tempo que só pode ser medido em milênios.
Tempo e Profecia 1
Algumas profecias não apenas foram dadas com muitíssima antecipação, mas são, textualmente, muito curtas, em comparação com o período de tempo que indicam ou cobrem. Algumas são curtíssimas!
Por exemplo, a primeira profecia bíblica foi dada por Deus, em pessoa, àquele primeiro casal no paraíso e ao seu adversário, e é um símbolo de esperança na vitória contra o mal e o pecado e que só viria a se concretizar dali a muitos milênios no primeiro advento de Nosso Senhor. Quando lemos, em Gênesis 3:15
15Porei inimizade
entre você e a mulher,
entre a sua descendência
e o descendente dela;
este ferirá a sua cabeça,
e você lhe ferirá o calcanhar.
sabemos que o significado é a vinda de um Messias, que seria o descendente de Eva e que, ao fim, restaurará a Natureza ao seu estado original e a libertará do Adversário e, hoje, oferece, de graça, a mesma restauração e libertação a qualquer um que a aceitar.
Jesus de Nazaré, de fato, viveu na época em que os romanos formaram o seu império. Os romanos eram um povo pagão e seus imperadores se acreditavam divindades e impunham o culto de si mesmos aos seus súditos. A sua rebaixada condição espiritual foi, pelo menos, três vezes retratada na bíblia de forma grotesca e aversiva: um animal monstruoso, um dragão e uma quimera.
Jesus de Nazaré, foi condenado em tribunais romanos e sentenciado a pena romana de ser crucificado. Ele foi condenado à morte pelo crime de ter declarado ser o Filho de Deus e Rei dos Judeus. Enquanto ainda vivo ele afirmou que fundaria uma Igreja e que nem o inferno a destruiria. Esta Igreja foi de fato fundada e difundida para todos os cantos do Império por seus primeiros seguidores.
Após um período inicial de infernais perseguições, esta Igreja veio, de fato, a se tornar a religião oficial do império, venceu o seu paganismo, erradicou a crença na divindade do imperador e o culto a ele e, sob sua influência, aquele primitivo sistema judicial que condenou e matou o filho de Deus foi a tal ponto melhorado e aperfeiçoado que, há séculos, tem servido de base e modelo aos sistemas legais de todas as nações ocidentais.
Este é o cumprimento daquela primeira profecia.
E, o ouvinte pode constatar que este cumprimento é, de fato, o início de um acontecimento tão longo, ainda intérmino, e tão completamente presente na realidade, que deixa de ser apenas um evento para tonar-se a História mesma.